Após um belo café da manhã no Manantial del Silencio, partimos em direção a Tilcara, a 20 KM de Purmamarca, para abastecer as motos, uma vez que o próximo "posto de combustível" seria em Susques...
Quebrada de Humahuaca... um parque de diversões para motociclistas |
(quem já passou por lá, sabe do que estou falando e porque o uso das "aspas" acima... Susques é algo no caminho pelo Paso Jama, simples, onde normalmente os viajantes passam direto e, se param, é para abastecer apenas. Hoje, pode-se encontrar um par de hotéis, o Pastos Chicos e outro na beira da estrada de aspecto razoável. O combustível é igualmente problemático: ou é ruim, ou está em falta - oque ocorreu conosco... por isso, nos precavemos e saímos de Tilcara abastecidos)
(quem já passou por lá, sabe do que estou falando e porque o uso das "aspas" acima... Susques é algo no caminho pelo Paso Jama, simples, onde normalmente os viajantes passam direto e, se param, é para abastecer apenas. Hoje, pode-se encontrar um par de hotéis, o Pastos Chicos e outro na beira da estrada de aspecto razoável. O combustível é igualmente problemático: ou é ruim, ou está em falta - oque ocorreu conosco... por isso, nos precavemos e saímos de Tilcara abastecidos)
Bom, não é preciso mencionar que a expectativa era grande, afinal, estávamos bem próximos do destino final e, pelo que havíamos escutado, o Paso Jama seria um dos maiores desafios da viagem por conta de sua altitude e temperatura.
Nossa primeira parada para fotos foi logo após a subida dos Caracoles, onde pudemos curtir as curvas com certa moderação, uma vez que há muitas tem pedras deixadas pelas Cegonhas/Carretas, que invadem o acostamento (de cascalho) e a pista... Carretas numa estradinha de pista simples e com curvas de até 180°... emoção pura.
Caracoles |
Nossa segunda parada foi num dos lugares mais incríveis que estivemos durante a viagem, nas Salinas Grandes. O Chicão, que parece que viajou umas 18x até o Atacama pela internet, sabia exatamente o que encontrar e por onde acessar as Salinas... cheguei a pensar que estávamos no Salar de Atacama e comecei a gritar "Atacama! Atacama!"... enlouqueci por alguns instantes, por conta da emoção.
Parada nas Salinas Grandes, ainda em solo Argentino. Que céu! |
Foto clássica. No entorno, tudo é branco, apenas sal. |
Como de costume, mandamos a língua no sal para experimentar e adesivamos a casinha que tem logo na entrada das Salinas e seguimos viagem. Neste ponto, me tornei "usuário de folha de coca", já preocupado com o Paso de Jama e seus 4800m de altitude que nos aguardavam. Agradeço à senhora da pracinha de artesanato de Purmamarca, que gentilmente cedeu uma sacola recheada das tais folhas.
Nossa terceira parada foi no Hotel & Restaurante Pastos Chicos. Adesivamos o local nosso adesivo Naked in Atacama e outros da Prime (do Neiva, amigo do Chicão) e arrematamos um par de empanadas com Gatorade para dentro. A demora das empanadas acabou quebrando um pouco o ritmo da viagem e acabamos fazendo uma parada mais longa do que o planejado (nota: como sabem, nunca tivemos nenhum plano, mas sabíamos que o Paso Jama deve ser feito próximo ao meio-dia, quando o sol ainda ajuda...). Acabamos saindo mais tarde de lá.
A Lhama da casinha, encarando a Strom... |
Casinha devidamente adesivada. |
Nossa terceira parada foi no Hotel & Restaurante Pastos Chicos. Adesivamos o local nosso adesivo Naked in Atacama e outros da Prime (do Neiva, amigo do Chicão) e arrematamos um par de empanadas com Gatorade para dentro. A demora das empanadas acabou quebrando um pouco o ritmo da viagem e acabamos fazendo uma parada mais longa do que o planejado (nota: como sabem, nunca tivemos nenhum plano, mas sabíamos que o Paso Jama deve ser feito próximo ao meio-dia, quando o sol ainda ajuda...). Acabamos saindo mais tarde de lá.
Hotel e Restaurante Pastos Chicos, parada da maioria dos viajantes. |
Pastos Chicos: a gerente do local morou em SP, no Pacaembu. |
Adesivos nas janelas... será que há muita gente viajando de motocicleta? |
A bomba de gasolina vizinha do Pastos Chicos (digo bomba apenas, pois não dá pra chamar aquilo de posto de combustível), como previsto, estava sem gasolina... e seguimos viagem até o YPF próximo da Aduana internacional do Paso Jama.
Chegando ao YPF o frio já castigava. O Chicão, com luvas de ski e a proteção aerodinâmica da Strom, estava relativamente tranquilo. Eu, de naked, já começava a sofrer por antecipação.
Durante o abastecimento, eu conversava com um viajante Argentino, Juan Manuel que me mostrava sua Yamaha YBR simplesmente LOTADA. Muito simpático, comentou que estava viajando pela América do Sul inteira em marcha contra a xenofobia e qualquer outro tipo de preconceito, de qualquer natureza. (http://www.facebook.com/AbyaYala.en.YBR). Comentou também que não viajava sozinho, o que de alguma maneira me confortou, pois pensei "Ok, a moto está carregada mas está com outro amigo em outra moto que poderia socorrê-lo em caso de emergência... pra minha surpresa, surge sua namorada Maria Eugenia da loja de conveniência... ela estava na garupa da YBR!
Nuvens se formando na travessia do Jama... encobrindo qualquer raio de sol. |
Durante o abastecimento, eu conversava com um viajante Argentino, Juan Manuel que me mostrava sua Yamaha YBR simplesmente LOTADA. Muito simpático, comentou que estava viajando pela América do Sul inteira em marcha contra a xenofobia e qualquer outro tipo de preconceito, de qualquer natureza. (http://www.facebook.com/AbyaYala.en.YBR). Comentou também que não viajava sozinho, o que de alguma maneira me confortou, pois pensei "Ok, a moto está carregada mas está com outro amigo em outra moto que poderia socorrê-lo em caso de emergência... pra minha surpresa, surge sua namorada Maria Eugenia da loja de conveniência... ela estava na garupa da YBR!
Nuestros Hermanos Juan y Maria: Buen Viaje! |
YBR 125: Guerreira! |
Nuestro hermano argentino nos contando sobre a aventura. |
Não pudemos estender o papo por conta do tempo que passava e a temperatura que caía... portanto, pegamos alguns panfletos com nosso hermano argentiiiiino e nos despedimos. Naquele mesmo minuto, revisitei alguns de meus preconceitos, como por exemplo "viagem longa é de big-trail"... o cara era um herói.
Antes da partida, o argentino nos alertou que o frio nos castigaria... já era tarde, fizemos a travessia às 16hs, por sorte pegamos a aduana internacional do Paso Jama vazia. Havia apenas um veículo com brasileiros que enfrentavam dificuldades para fazer o trâmite aduaneiro: haviam entrado na Argentina por Santa Catarina e não oficializaram a entrada, passaram direto pelo posto... este é um erro comum onde o controle aduaneiro não é organizado. Ou seja, se for para a Argentina, procure o órgão responsável e dê entrada no país. Ainda, se possível, vá com o passaporte e carimbe o mesmo, para evitar uma possível perda dos tickets de entrada que são fornecidos quando se usa RG.
O Mal de Puna já começava a pegar e quando parei a moto, não me senti bem. O Chicão, que já tinha todos os detalhes na cabeça, sugeriu que eu solicitasse Oxigênio para a Gendarmeria (polícia) e acabei deitando na maca para uns 10 minutos de O2... mas logo interrompi a "sessão" pois o tempo corria e o frio apertava. Deixamos desta forma toda a sessão e fotos no Paso de Jama para uma próxima viagem, pois cada minuto contava.
Começamos a subida. A Strom, segundo o Chicão, ficou absolutamente manca, quase sem sexta marcha. Segundo ele, 50% do rendimento, mesmo injetada. (fica a dúvida sobre o que acontece com as carburadas...) A F800R foi bem, mas também pediu marcha .
Fizemos uma pequena parada para tomar (importante!) e descarregar água (a folha de coca é um belíssimo diurético). O Chicão posou para uma foto famosa que já rendeu o aval para a próxima viagem...
Era parar a moto para o benedetto do Puna aparecer, portanto, da-lhe folha de coca....
Quanto mais subíamos, mais o desespero batia, por conta do frio. Já era tarde e a não parávamos de subir. O vento cortando a gente no meio, 4°C no computador de bordo.
Quando desistimos de aguardar o final da subida (já a 4852m), eis que chega um presente divino: uma reta descendo direto a San Pedro de Atacama (SPA)! E, com um pôr-do-sol memorável, a temperatura subia até confortáveis 22°C.
Comemoração: descida à San Pedro, com Sol e o Licancabur nos saudando. |
Descemos cerca de 2000m de altitude devagar, na banguela, num silêncio também divino. O visual era incrível, o vulcão Licancabur nos saudando bem de perto. Buzinamos, gritamos e comemoramos a chegada ao destino final e objetivo da viagem. Em SPA, seriam 3 dias para fotos, apreciar, relaxar e comemorar.
Em SPA, era hora de fazer a aduana - sim, a aduana do Chile fica na cidade de SPA, a 160 kms da aduana Argentina. Fizemos a entrada pessoal e das motos, para então aguardar a burocracia de revista de bagagem, etc. Um "xaveco" brasileiro colou bem na oficial aduaneira chilena e passamos sem a revista. Uma revista teria adicionado pelo menos mais uma hora de aduana.
Seguimos para o Hotel Terrantai (http://www.terrantai.travel/) e na recepção, nos demos conta de que havíamos chegado um dia antes da data. Após meia hora de espera, encontraram um quarto e aceitaram estornar o pagamento do cartão. Sorte. Eu já estava famoso lá de tantos email enviados ao Terrantai solicitando alteração na data... tudo tratado com a gloriosa Rocío...
Já instalados, fomos ao Restaurante Adobe. House music, descolado, um tacho com uma fogueira no meio do restaurante e um belo bifão com dois ovos em cima e batata frita (nosso famoso Bife-a-Cavalo...), acompanhado por cerveja Kuntsman, muito boa!
"Bife-a-Cavalo do Adobe", uma das melhores xepas da viagem. |
Após isso, cama. E desta vez, sem horário pra acordar!
Parabéns pela viagem. Fui para o Atacama em Novembro/2010 e sofri demais no passo de Jama, isso porque fiz a travessia de manhã. Mas confesso que faria tudo novamente, as paisagens são incríveis.
ResponderExcluirAbraços